quinta-feira, 26 de março de 2015

Hoje e sempre – 27 de Março: Dia Mundial do Teatro.

Amamos o fazer teatral e conscientizamo-nos de intensificar a relação puramente artística a favor de nós mesmos – ao dispor da sociedade. (Leandro Cazula)


“O teatro não é esta parada cênica onde um mito se desenvolve virtual e simbolicamente, mas esse cadinho de fogo e carne verdadeira onde, anatomicamente, por pisoteamento de ossos, de membros e de sílabas, os corpos se refazem e o ato mítico de fazer um corpo se apresenta fisicamente e de modo natural.” (ANTONIN ARTAUD).

Augusto Boal - http://www.olharbrasileiro.net/?portfolio=instituto-augusto-boal
“O TEATRO É A ÚLTIMA TRINCHEIRA DA HUMANIDADE. DEFENDA-O.”
(Ronaldo Ventura)
Diante de um oponente maior, ou de uma derrota iminente; ou você se rende ou foge; ou você é morto; ou você dinamiza aquilo que nos torna humanos, nosso “ser” e “fazer”, desperta suas potências, e cria um momento e um espaço para respirar, concentrar suas forças, planejar os próximos movimentos, propor os contra-ataques, vislumbrar uma situação melhor... Você faz uma trincheira.
Fazer trincheiras, apesar de serem bastante simples em termos de engenharia e tecnologia, é algo que possibilita tanto a defesa quanto o ataque; é manifestar sua existência, é expressar a sua recusa em aceitar alguma inferioridade que lhe está sendo imposta.
Nós fazemos teatro. E nos impomos. Manifestamos nossa existência perante nossos oponentes que parecem maiores, perante nossas derrotas que parecem inevitáveis. Lutamos cada dia, para apresentar o que há de humano para a própria humanidade. Enfrentamos conceitos, enfrentamos abstrações, enfrentamos razões irracionais, enfrentamos a subsistência, enfrentamos o descaso. E mesmo assim, nós fazemos teatro.
Nossos inimigos são perigosos porque se parecem conosco. Eles são falhos como nós somos, e acreditam que estão certos, do alto de sua iminente vitória, nos desprezam, a nós e o nosso ato de criar espetáculos, nossos ensaios, nossos coletivos, nossas redes e tramas... desprezam nosso ato de coragem. Mas nós temos uma vantagem: Nós fazemos teatro!
O teatro é a resposta dos fracos.
Aqueles que precisam pensar e agir. Aqueles que se esforçam para alcançar suas metas. Aqueles que precisam se unir para sobreviver. Aqueles que às vezes são obrigados a parecerem estáticos, enquanto se movimentam fora do alcance da visão, enquanto planejam, enquanto concentram suas forças.
O teatro é a resposta dos corajosos.
Aqueles que não se calam. Aqueles que não se submetem. Aqueles que olham para o gigante e não dizem “não temos como derrubá-lo”, mas pensam “não tem como não acertá-lo”.
O teatro é a resposta dos audazes. Dos que ousam. Dos impertinentes.
O Teatro é um ato de resistência, insistência e persistência.
É rebeldia. É proteger o que há de mais frágil e atacar onde é mais frágil. É ser humano diante de outro ser humano. É cavar trincheiras.